quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Alguns inícios são assim

Antes de iniciar este livro, imaginei
construí-lo pela divisão do trabalho.
Algum tempo hesitei se devia abrir
estas memórias pelo princípio.
Esta história começa numa noite
de março tão escura...

O céu tão azul lá fora,
e aquele mal-estar aqui dentro.
Os olhos no teto, a nudez dentro do quarto;
Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai...
O mal foi ter eu medido o meu
avanço sobre o cabresto.

João está na minha frente. Pálido.
Pergunta se não quero fazer
café. Nonada. Tiros que o senhor
ouviu ergo sum, aliás, Ego
sum Renatus Cartesius,

cá perdido.
Verdes mares bravios de minha
terra natal. Trilha sonora
ao fundo: a entrada do sertão.




Ana C., Caio F, Clarice Lispector, Euclides da Cunha, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, José de Alencar, João Gilberto Noll, Machado de Assis, Oswald de Andrade, Paulo Leminski, Raduan Nassar e Raul Pompéia.

Um comentário:

  1. Olá Nonato, sou ex-aluna do Carlos Negreiro, construímos alguns projetos de literatura enquanto havia a relação professor-amigo. Por vezes ele citava um "grande amigo" estudioso da Ana C. Cesar e outros "escritores rasgados", como eu dizia. Resolvi estabelecer esse contado hoje, mesmo tendo perdido contato com quem me falou de ti... Por ironia do destino tive a sorte, em pesquisa, de encontrar pela rede o artigo de sua autoria "As máscaras do feminino em Ana C." e não posso deixar de dizer que gostei bastante. Acho divina a veia da escrita confessional, e, por conseguinte, admiro quem a admira. Bom poder falar-te. Até. Dayse M. (daysemoura@hotmail.com.br)

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